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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O poeta - Rilke

Vai-te para longe de mim, hora.
O bater de tuas asas me excrucia.
Mas de minha boca, que fazer agora ?
e da minha noite ? e do meu dia ?

Eu não tenho amada nem abrigo,
sequer um lugar para viver eu tenho.
Todas as coisas em que me empenho
tornan-se opulentas e acabam comigo.


Do livro Poemas de Rilke- Companhia das Letras- 1996- Tradução de José Paulo Paes

Necessito...

Necessito de muitos amigos
almas a quem possa, alternadamente,
confiar minhas lamúrias tolas
meus versos chinfrins
meu ínfimo universo
e meus rompantes
de incondicional felicidade.


Necessito de muitos amores
seres com quem repartir meu ser intenso
e que suportem
a leveza da minha alma
e um desejo louco de fusão e liberdade!

Necessito lápis, caneta, lápis de olho, marca texto
laptop, editor de texto...


Necessito de caderninhos
caixinhas de remédio
verso de recibos
folhas de rosto de livros
envelopes
guardanapos
pedaços de papel higiênico...
qualquer coisa que suportem meus assaltos de poesia

(...)


Necessito poesia!

Anabe Lopes

Fundamental - Alice Ruiz

Canta
Saudade é tanta
Não vai passar se você cantar
Mas quanto mais se canta
Mais vontade de cantar
Dança, é só mudança
Não vai parar se você dançar
Mas quando você dança
É você quem vai mudar
Sonha como criança
Ainda dói se você sonhar
Mas pra que a gente acorde
É fundamental sonhar


Alice Ruiz

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A rosa



Beth Midle



Há quem chame ao amor um rio, submergindo o frágil rebento; outros chamam-lhe lâmina, sangrando a alma. Outros ainda, chamam-lhe sede, um desejo eternamente insatisfeito. Eu chamo-lhe flor, porque és a sua semente.

É um coração inseguro, incapaz de aprender a dançar; um sonho que se quer infinito, adiando a hora de acordar. É aquele que teme entregar-se, por desconhecer a dádiva. É a alma que, de tão assustada com a morte, se esqueceu de viver.

Quando a noite se preenche de solidão e o caminho aumenta em distância, quando julgas que o amor nasceu para os afortunados, os audazes; recorda que sob toda a neve do inverno jaz a frágil semente que o amor do sol primaveril desabrochará em rosa.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Momento de repensar! - Gostei deste artigo!!!

 Por Por Maria Rita Kehl, de São Paulo




Maria Lucia Kehl é psicanalista

Este jornal (O Estado de São Paulo) teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por “uma prima” do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da “esmolinha” é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de “acumulação primitiva de democracia”.

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

Maria Rita Kehl é psicanalista, doutora em psicanálise pela PUC de São Paulo, poeta e ensaísta. É autora de vários livros, entre os quais se destacam Sobre ética e psicanálise (2002) e Videologias, escrito em parceria com Eugênio Bucci, publicado pela Editora Boitempo em 2004.

Artigo publicado originalmente no diário conservador paulistano O Estado de São Paulo, após o qual a autora, por decisão do Conselho Editorial do jornal, teria sido demitida nesta terça-feira.

Marina, ... você se pintou?

Marina,... você se pintou?


Maurício Abdalla [1]

“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.





________________________________________

[1] Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Humanidades

Eu compro livros compulsivamente. Eu não consigo nunca ler a terça parte dos meus livros. Acho muito bom quando encontro alguém que se interessa por eles.

Os meu amigos; as pessoas que amo; eu sei que elas seguem e eu fico sempre pelo caminho. Meus caminhos são muito interiores, e são muitas as distrações das estradas por onde minha alma se envereda.

Tenho muitos laços e amarras todas... Sofro de loucos rompantes, tão renovadores quanto destrutivos. Achos que eles vêm da minha alma adolescente (retardada); morrem no mundo real, constituído da loucura coletiva legitimada nos costumes e na aparente paz das coisas que nunca mudam.

Minha única liberdade é escrever. Liberdade relativa. Liberdade vigiada. Ninguém me libertará de ser livre. Nunca expressarei o que o meu ser desejaria expressar se tivesse sido. Não somos; estamos. E nossa estada é muito breve. Luto contra o abismo entre o sentir e o pensar e o dizer.

Não devo fidelidade a nenhum gênero. Filio-me, por amor, à poesia; às vezes penso que eu  e a poesia somos uma só entidade. Filio-me, pela dor, à poesia; meus versos sangram dores universais, feridas da  cruz de ser "humana demasiado humana", de maneira particular e provinciana. Filio-me pela alegria à poesia; nas noites em que a lua branca me fazem mulher de alma nua, mas isso quase nunca se reflete nos meus versos. Viver a alegria é sempre muito urgente; quase não dá pra escrever. Falta papel, falta caneta; sobra ânsia de brincar, sorrir, falar, dançar.

Eu perco os prazos no trabalho. Sou feliz à vista, choro à prazo.

Agora mesmo deveria estar me preparando para ir trabalha, e vejam só o que estou fazendo...


Anabe Lopes






"Minha dor é perceber que, apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivermos como nossos pais."

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Só se deve morrer por amor - Mario Quintana

Nunca ninguém sabe
Nunca ninguém sabe se estou louco para rir ou para chorar
Pois o meu verso tem esse quase imperceptível tremor...
A vida é louca, o mundo é triste:
vale a pena matar-se por isso?
Nem por ninguém!
Só se deve morrer de puro amor!


Mário Quintana

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vida é isso...

Minha primeira escrivinhação do mês de outubro acontece no Aeroporto Santos Dumont, eu quieta, sozinha, sentada no chão digitando um texto no meu notebook!
Um fim de semana chuvoso no Rio. Compromisso inventados e cumpridos, em parte... parece que a vida da gente é sempre em parte.... e parte... sem rumo certo. O rumo certo pode depender de coragem para abraçar o incerto e o certo é sempre muito duvidoso! Releio, num livro de crônicas de Clarice Lispector que, para ela, escrever era viver e viver era escrever. Penso simplesmente e dialogo com um velho clichê: vivo para escrever ou escrevo porque vivo? o ato de escrever é multifacetado e multifuncional. Cada qual tem sua razão - e sua sem-razão - para escrever. Tem gente que escreve para se mostrar; outros já escrevem para se esconder. Há os que praticam a erudição na escrita; há os que buscam a simplicidade de expressão. Há os que escrevem coisas engraçadas; outros coisas graciosas; outras coisas muito sem graça. Para mim, escrever é antes de tudo refletir. Quando escrevo me construo e me desconstruo; sempre me encontro: comigo, comigo mesmo e com os outros eus - mais ou menos como naquele... O meu filme chama-se Eu, eu mesma e Anabe, num louco redemoinho chamado vida. Mas, voltemos a minha posição. Aqui, sentada no chão - no Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro, entrelendo Clarice Lispector e lispecteando minha própria essência. Não escrevo minha essência... as essências podem, quando muito, ser intuidas nas entrelinhas, dos textos e da vida. A vida em si é um grande texto em que todos os gêneros se misturam num tecido louco e colorido.
Encontrei um lugar tranquilo, depos de passar por perto da salas VIPs, que o capitalismo reserva aos detentores do crédito e do capital; mais do crédito diga-se de passagem.... neste mundo, o parecer parece ser mais que o ser. Só parece. Há os seres comuns acomodados em confortáveis poltronas e algumas cadeiras não tão confortáveis assim, e com direito a uma bela vista bela.
Não me aninhei entre aqueles comuns. A claridade ofusca e torna ruim a visibilidade do monitor de vídeo. Depois... não sou tão comum assim... e quero um espaço de ninguém - um cantinho sem cadeiras ou poltronas, nenhuma música e em que as chamadas para os vôos pareçam mais distantes...
Tenho lindas fotos do Rio. Aqui onde cidade, morro e mar fazem afluir de mim um regozijo interior e um pedido de socorro. Porque meus olhos são suscetíveis demais à beleza, e é preciso voltar... Levo comigo paisagens - Paisagens se constróem de imagens e sentimentos. Levo também o alento que só o mar oferece, mas o mar é também salgado e deixa em nós sempre uma sede muito intensa...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A poesia praxis de Mario Chamie, em verso e prosa de Rego Júnior

Quando me encontrares na Praxis de sua vida
Fitando seus olhos
Como quem joga bolinha de gude
Me balançando na gangorra
de sua sedução
Subindo pra escorregar- sem- dor
Por favor, me Chaime.
regio junior


Sobre Mario Chaime, ensina o professor e poeta
Rego Júnior : um poeta moderno que crio um tipo de poesia chamada de praxis
A poesia-práxis foi um movimento liderado por Mário Chamie, que a partir de 1961 começou a adotar a palavra como organismo vivo gerador de novos organismos vivos, ou seja, de novas palavras. Surge como dissidência da Poesia concreta.
O poema do Concretismo tem como característica primordial o uso das disponibilidades gráficas que as palavras possuem sem preocupações com a estética tradicional de começo, meio e fim e, por este motivo, é chamado de poema-objeto.

Outros atributos que podemos apontar deste tipo de poesia são: - a eliminação do verso; - o aproveitamento do espaço em branco da página para disposição das palavras; - a exploração dos aspectos sonoros, visuais e semânticos dos vocábulos; - o uso de neologismos e termos estrangeiros; - decomposição das palavras; - possibilidades de múltiplas leituras.

A comunicação através do visual era a forma de expressão de todas as poesias concretas. No entanto, houve particularidades que diferenciavam os poemas deste período em tipos de poesias. Assim, a poesia de Mario Chamie surge, revalorizando o ritmo, a palavra, o verso, sem abandonar o uso paranomásico dos fonemas.

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Gente

Gente
Composição: Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle

Gente que entende que não deve dar
Porque nunca na vida sofreu por não ter
Deus quando fez esta terra pra gente
Pensou em fazer tudo bem diferente

Não que eu queira ter muita coisa demais
Quero é ter um pouco de paz
Quero apenas ter um lugar pra morar
Porque, veja bem, há quem tem
Sem saber, mais de cem

Pode até mesmo o Senhor se zangar
Então, vir para a Terra, pra tudo mudar

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Eu canto o corpo elétrico

1

Eu canto o corpo elétrico
Os exércitos daqueles que amo enlaçam-se e eu a eles
E não me deixarão até que eu os atenda ou os siga
E os purifique e os imante com a aura da alma.

Duvidou-se algum dia que quem corrompe seu corpo anula seu ser?
E que aqueles que profanam os vivos sejam piores que os que profanam os mortos?
E se o corpo não faz tanto quanto a alma?
E se em não sendo o corpo alma, que será ela?

(...)

Walt Whitman (Tradução; Ramsés Ramos)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Olhos de saruê: Tribal voice

Olhos de saruê: Tribal voice

Tribal voice

Quando todas as tribos tiverem voz, os homens entenderemos que somos uma só tribo!!

Não deixer de assistir a este video, compartilhado pelo Luis Frota no Facebook!! É so copia o link a seguir e colá-lo no seu navegador.

http://www.youtube.com/watch?v=XZ-hbpWlXNQ&feature=related


Anabe

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

É tempo de construir um só Brasil

Há duas semanas levantei-me no sábado pela manhã e fui ató o caixa rápido do Banco do Brasil localizado em Taguatinga, cidade satélite do Distrito Federal. Como ando sempre com minha pequena câmera na bolso, pude, não sem dor, fotografar estes dois brasis: o Brasil da propaganda e o Brasil real, dispostos um defronte pro outro.

Dois brasis. by Anabe Lopes. Agosto/2010


Eis o Brasil que dorme no chão; o Brasil que come das migalhas do capitalismo; o Brasil sem emprego; o Brasil sem escola; o Brasil sem lazer; o Brasil que està para ser visto, mas que a maioria de nós finge que não vê, escondendo sob o escudo do "isso não é comigo" e é o  Governo quem deve cuidar das crianças e dos jovens. Mas os governos são eleitos por nós. E todos precisamos agir para emprestar a essas pessoas a nossa voz. É preciso denunciar as desigualdades, porque vivemos no mesmo espaço e somos interdependentes. A solidariedade é condição de sustentabilidade da estrutura social e do planeta.

Todos somos um e a todos cabe a responsabilidade de conscientizar as novas gerações sobre esta inegável interdependência entre todos os seres humanos e todas as formas de vida no planeta. Enquanto nos calamos, as elites se fortalecem na ilusão de que tendo muito serão melhores e intocáveis. E para assegurarem sua hegemonia usam as pessoas menos favorecidas economicamente como trampolim para saltarem cada vez mais alto. Elas o chamam "os pobres", a quem querem sermpre pobres e úteis aos próprios projetos de grandeza e dominação. Com a máscara da paternalismo finge que dão aos "pobres" o que é deles retiram.

Há algum tempo, ouvi o Arruda discursar construindo a imagem da "bondade" do governo Arruda de, contruindo unidades esportivas, permitir ao "pobre" o acesso ao esporte. Este uso ideológico da palavra "pobre", identificado no discurso desse tipo de político, que ainda domina o cenário de Brasília e do Brasil, tende a perpetuar o sentimento de menos valia diante da sociedade e a escravizar as consciências pela geração e manutenção de um sentimento de gratidão, quando na verdade, o acesso ao esporte, ao lazer é direito assegurado pela Constituição e esses mesmos políticos são os que os espoliam ao desviarem recursos públicos da educação, da saúde, da infra-estrutura.

"As desigualdades e as injustiças precisam ser denunciadas, porque sozinho o mundo não  vai melhorar". Estas palavras de Henrique Rattner, em O resgate da Utopia (p.14) deve estar em nossas mentes, para fortalecer em todos nós o desejo de agir para eliminar desigualdades. O Brasil de mãos limpas, do qual somos parte, conta conosco!

Mão limpas. by Anabe Lopes. Agosto/2010

sábado, 4 de setembro de 2010

... para ser universal não é preciso situar-se no centro do mundo - Milton Santos

Fui realmente apresentada ao Milton Santos pelo Luis Frota. O Milton, e o Luis também, é um brasileiro extraordinário. Digo é - com relação ao Milton -, porque uma pessoa continua viva enquanto suas ideias inspirarem vida! Há pessoas eternas!!!




Lendo e pensando sobre a “tensão entre o universal e o internacional se encontra na raiz de nossa necessidade de legitimar a cultura brasileira”. Explicitando, dizia ele:



"A questão central que nos ocorre, sobre a nossa interpretação de nós próprios, nesses chamados 500 anos de Brasil, é a seguinte: é possível opor uma história do Brasil a uma história europeia do Brasil, um pensamento brasileiro em lugar de um pensamento europeu ou norte-americano do Brasil, ainda que conduzido aqui por bravos ‘brazilianists’ brasileiros? Não se trata de inventar de novo a roda, mas de dizer como a fazemos funcionar em nosso canto do mundo; reconhecê-lo será um enriquecimento para o mundo da roda e um passo a mais no conhecimento de nós mesmos. Ser internacional não é ser universal e para ser universal não é necessário situar-se nos centros do mundo. Inclusive pode-se ser universal ficando confinado à sua própria língua, isto é, sem ser traduzido. Não se trata de dar as costas à realidade do mundo, mas de pensá-la a partir do que somos, enriquecendo-a universalmente com as nossas ideias, e aceitando ser, desse modo, submetidos a uma crítica universalista e não propriamente europeia ou norte-americana." (apud Maria Luisa Angelin e M. Alexandra Militão Rodrigues. Evoluindo e Gerando Conhecimento.)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Poema

Tenho sonhos entresguelados e angustiantes
Desejos de construir, com a minhas próprias mãos,
Castelos de areia à beira do mar
E navegar


Tenho uma nave ancorada no porto
Bem perto de onde nascem flores
E revoam borboletas amarelas
Todas juntas e iguais.


Tenho uma flor latejante
No lado direito do meu peito
E uma represa guardada no olhar
Disse-me o espelho
Que são os anos passados
E os que não vão chegar
Os dias hoje convém irrigar!

sábado, 28 de agosto de 2010

Mormaço

Há este mistério aberto
existência a ferir a vida
assusta, mais o que já conheço
e de que não posso fugir,
o caminho marcado
que  leva a nenhum lugar

Há o caçador à espreita
da caça escassa

A harmonia natural rompida,
não definitivamente...

Tudo se renova, a cada instante,
estampa o tempo intrínseca dinâmica
na escola de dentro não há planos de aula,
os mestres sabem calar-se

Há que se subeverter a cegueira:
dar à alma olhos.
inplodir o sectarismo
e olhar o outro: espelho.

Separar o que está confundido
religar o que está separado
mentiras e verdades, todas relativas.

O mundo é estranho e atrativo
nossa incompletude nos plenifica
meu corpo acolhe exala a tua minha essência
nos renovamos nesse movimento.

O "olho de carne" vidrado pelo espírito
O "olho da razão" se mistifica
O "olho da contemplação" subverte cadafalsos olhares.

domingo, 15 de agosto de 2010

Magda Soares, Metamemória-memórias

Vamos bordando a nossa vida, sem conhecer por inteiro o risco; representamos o nosso papel, sem conhecer por inteiro a peça. De vez em quando, voltamos a olhar para o bordado já feito e sob ele desvendamos o risco desconhecido; ou para as cenas já representadas, e lemos o texto, antes ignorado. E é então que se pode escrever - como agora faço - a "história"...



Magda Soares, Metamemória-memórias

Re-encanto

Vejo que perdi o tempo
e, de repente, aqui
parada embalada no tempo...
outro tempo
Quantas pessoas é o tempo?
Um tempo só vai e vem?
Um tempo vai e outro vem?

O tempo será sempre este mistério...


Olho ao redor e estendo as mãos:
é preciso segurar as horas
segurar-se nas horas...

No meio deste amplo salão
foi-me dado um espaço para agir
O tempo será, farto em si, me será sempre insuficiente
Tenho desejos do voo com que sonhei na infância,
é preciso explorar os espaços e, então, alçar voo


Os meus olhos vêem o céu pela vidraça
Flores balançam ao vento, bem nas pontinhas dos galhos,
corajosamente

O anjo me disse que posso voar
Hoje descobri que, para voar,
é preciso reconhecer minhas raízes

Estou certa de que os pássaros, pequeninos,
sabemos partilhar do poder divino de explorar espaços
e compor os céus, que compões pássaros - o céu acolhe o tempo

Desconfio que os pássaros conheçam sua natureza e suas raízes
Apropriar-me de mim me dará asas.
 
 
Anabe Lopes

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Amor e poesia e aprendizado, não tem idade!!

Conheci no Recanto das Letras, onde escrevo de vez em quando, um jovem poeta. Acredito que tem a idade que diz que tem. Os poetas não são bons mentirosos. Escrevi ontem a seguite frase: Ouça as vozes da tua angústia! Aí ele gostou e comentou. Disse ter ficado sem palavras. Como a gente sempre faz no recanto, fui visitar a página de  MICM. Senti uma vontade incontrolável de também comentar a frase dele que eu li. No título ele escreveu: "Porque odeio o amor", e a frase dele é:  "quando amamos deixamos nossas vidas de lado e passamos a viver a vida do nosso amor". O jovem foi uma sensação! muitos e muitos comentários! Quiz responder a ele. Deu erro na página! Falar e escrever é mesmo um diabinho, ou anjinho, que sapeca dentro de nós. Se não dá pra ser num espaço, a gente corre pra outro. A vida também é assim, a menos que nos deixemos morrer... a Mercedes Sosa cantava: "Durar não es estar vivo, corazón..."
Queria falar com ele um pouquinho sobre a  minha frase: "Ouça as vozes do tua angústia. " - assim mesmo sem preciosismos gramaticais.
Ouça as vozes da tua angústia. ... é que elas nos mostram que precisamos rever coisas [a palavra coisa é mesmo uma coisa] em nossas vidas. Nossas angústias dão aquele chacoalhão na gente, pra mostrar que tem algo muito errado e é preciso descobrir, resolver ou engolir e seguir adiante. Ela é o primeiro passo para o encontro com a gente mesmo. Não entender isso pode levar nossa alma ao desespero... e leva.
Não é muito fácil lidar com os nossos sentimentos. As angústias querem revelar nossos sentimentos mais secretos, aqueles que insistimos em não sentir, para não perturbar o nossa "estabilidade" ou não nos demover da nossa "desconfortável zona de conforto".
Angústia é também sentimento: sentimento de angústia. Pode ser a ponta do iceberg. Grandes e pequenas coisas que emergem do caos iluminado que é viver!
E quanto a frase do MICM E sobre o "ódio ao amor" ? Resolver nossas angústias de amor demora um pouco mais, principalmente se este amor nos faz " deixar nossas vidas de lado e passamos a viver a vida do nosso amor".  Bem... essa não é bem a questão. A questão às vezes me parece estar mais  nas doses de prazer e desprazer que isso pode nos proporcionar... não me venham com a história de "isso não é amor" - ninguem sabe exata e especificamente o que é amor...
Mas dá pra desconfiar: amar é nossa razão de viver; amar os amigos, amar pessoas que encontramos e nos fazem conhecer mais a nós mesmos, porque nos vemos pelos olhos delas ; amar a natureza (pássaros, sol, flores, borboletas...  a vida emfim... mas o melhor e o mais desesperador é mesmo apaixonar-se. A paixão é esse amor com pressa de ser vivido, viver o outro e de viver-se no outro. Tudo misturado!
Saí agora pensando: tenho 44 anos, mas talvez saiba menos que MICM, que só tem tem 14. Embora se repita, a vida é sempre nova, se reinventa...  - se e quando escolhemos viver, e não sermos vivido - como sugeriu Nietzsche. Escolhe-se a dor e o prazer de ser sempre uma adolescente aprendiz. Isso é viver intensamente. Alguns(muitos) escolhem tão somente durar e ser vivido, sem nunca ser ator da própria vida.
Todos os dias se repetem e nenhum dia é igual ao outro e eu.... "prefiro ser essa metamorfose ambulante" .
Gosto muito de me relacionar com pessoas bem mais jovens e bem mais velhas e constatar, de um jeito sempre igual e sempre diferente, que a nossa busca continua viva. E é a nossa busca que nos mantém vivos. Ao MICM peço que que continue a escrever - pela maneira como ele escreve, dá pra vê que ele também é bom leitor. Vou aprendendo com ele e com outras pessoas de todas as idades biológicas que a vida é isso... ninguém pode definir. A vida é pra sentir e viver e ir fazendo escolhas e construindo caminhos e que as angústias que parecem nos colocar a perder são a nossa voz inerior nos indicando que o caminho está errado; é preciso mudar a rota... Acho que é isso... Agora... Sei lá.... até hoje peço socorro pra minha mãe:


Mensagem para minha mãe

nada sei de viver, apenas sigo,
no caminho há flores,
há pedras,
há muitos espinhos

sem seus cuidados, meus
meus cabelos desgrenhados perde o ouro
e minha língua d’entre o doiro e o minho vinda
ensaia o verso no Rio Grande submerso

já não me penteias
nem mais penteio a minha filha
e de coração assim tão cansado
sou tantas vezes náufrago
sozinho em minha ilha.

Aos meu poucos e queridíssemos leitores, que não me acusem de incoerência, que "não me acusem de ser irracional, pois a "...vida é tão confusa quanto a América Central"

Um grande, muito grande, abraço!! Um abraço com a minha alma!!

Vistem o MICM no Recanto das Letras: http://recantodasletras.uol.com.br/autores/micm

domingo, 1 de agosto de 2010

Sobre pássaros e ipês...

Hoje acordei pela manhã re-encantada em viver no Planalto Central. Ouvi cantar sabiás e era como se cantassem canções que eu já sabia, mas que andavam esquecidas. Pensei ipês. Escrevi um poema.




Celebração 1º/8/2010 - by Anabe Lopes
Já se foi o mês de julho

E, com gosto, o tempo nos tráz

O mês de agosto.


Um tanto a contragosto

Mai um ano vai me deixando pra traz

Abro os meus braços
A este novo tempo no tempo
O sol matiza o azul de fios de luz
Entrelaçados de cantos pássaros



Da minha alma ecoa um convite:

Vem ver Brasília
Ipê e pássaro amarelos 1º8/2010 - by Anabe Lopes


Vem ver que o céu azul


E a intrépida aridez


Vem florindo amarelos ipês


CELEBRAÇÃO

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quando ser poeta, se traduz em :


"Socorro não estou sentindo nada
nem medo, nem amor, nem  ódio
não vai dar mais pra chorar
nem pra rir(...)"
                            Arnaldo Antunes




Só um reflexo
Anabe Lopes

Na beleza estéril
Do reflexo

O tempo fere à faca
O sangue escorre de sobre a mesa
E dores intensas estilhaçam-se ao chão

A canção agoniza
O choro não brota
Na beleza solitária de um reflexo
Só...
Escrevo e mutilo poemas...



    Reflexo da lua sobre as águas do lago Paranoá - 27/10
  

terça-feira, 27 de julho de 2010

JORGE ANTUNES

Não pensei em Olhos de Saruê para fins político, mas se vivemos na polis, somos todos políticos e temos o dever de agir quando encontramos uma pessoa que demonstra representar nossos ideais, muitos mais do que por ser da música, mas também por ser da música.

ENGLISH TEXT BELOW




O Maestro Julio Medaglia inaugurou na internet uma petition de apoio à candidatura do maestro Jorge Antunes ao Senado, pelo PSOL-DF. Em menos de uma semana mais de 130 artistas aderiram com suas assinaturas. Alguns nomes da música erudita lá estão como signatários de primeira hora: Julio Medaglia, Manuel Veiga, Mario Ficarelli, Edino Krieger, Lutero Rodrigues, Jamil Maluf, Osvaldo Lacerda, Hamilton de Holanda, Samuel Araujo, Amaral Vieira, Rodolfo Coelho de Souza, Eduardo Guimarães Álvares, Eli-Eri Moura, Antonio Carlos Carrasqueira, Guilherme Vaz, Eudóxia de Barros, Jamary Oliveira, Alda Oliveira, Wilson Sukorsky, Emilio Terraza.



O endereço do site é:

http://www.petitionspot.com/petitions/JorgeAntuneSENADOR



Se você quer apoiar a candidatura de JORGE ANTUNES, SENADOR 500, assine a petition e vote nas prévias:

http://tvoto.virtualnet.com.br/votar/2/DF



Dear Friends,



Conductor Julio Medaglia started on the web a petition supporting Jorge Antunes' campaign for the Brazilian Senate (PSOL-DF). In one week it got the signatures of approximately 130 people, such as Manuel Veiga, Mario Ficarelli, Edino Krieger, Lutero Rodrigues, Jamil Maluf, Osvaldo Lacerda, Hamilton de Holanda, Samuel Araujo, Amaral Vieira, Rodolfo Coelho de Souza, Eduardo Guimarães Álvares, Eli-Eri Moura, Antonio Carlos Carrasqueira, Guilherme Vaz, Eudóxia de Barros, Jamary Oliveira, Alda Oliveira, Wilson Sukorsky, Emilio Terraza.



The petition address is:

http://www.petitionspot.com/petitions/JorgeAntuneSENADOR



If you want to support Jorge Antunes' campaign for the Brazilian Senate, sign the petition and vote on:

http://tvoto.virtualnet.com.br/votar/2/DF

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EU APOIO JORGE ANTUNES!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Hoje esbanjo felicidade

Hoje esbanjo felicidade. E a minha felicidade se percebe de longe. Há dias em que é possível sentir que a vida é encontro. Nesses dias mesmo as despedidas podem ser vistas como encontros: encontros com a gente mesmo. E as despedidas abrem espaços para novos encontros, com a gente e com o outro! É bem verdade que é um espaço de saudade; mas o que é a saudade, senão um re-encontro com momentos belos que gostaríamos de repetir (eterno retorno). Mas por enquanto a saudade ainda não virá... Há pessoas que se encontram todos os dias... anos a fio! Ainda posso sorrir encontros. Abri um jornal eletrônico há dois dias e vi a notícia de que foi encontrado e fotografado um pássaro raro. Fotografado inteiro, pela primeira vez: encontro do pássaro, do tempo, da poesia, da vida... com as lentes do fotógrafo. Imagina que disseram que ele tem apensa três centímetros! Ele tem existência material! Conheço um pássaro invisível e incorpório que canta e faz cantar aos que se deixam simplesmente encontrar.

Ainda há presenças para sorrir! E sorriu escancaradamente todas as minhas alegrias. E alegrias são como  como flores! Murcham e renascem, basta regar a planta!!!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Eu hoje quero falar pouco. Embora tenha muito a dizer, há dias em que as palavras voam. Deixam ficar apenas o sentimento, como algo irremovível e inextinguível... antes de tudo inexprimível. Nesses dias, deixa a música agir (música e letra)!

Fernando Pessoa

"Quando olho para mim não me percebo. Tenho tanto a mania de sentir...Que me extravio às vezes ao sair das próprias sensações que eu recebo. O ar que respiro, este licor que bebo...Pertencem ao meu modo de existir...E eu nunca sei como hei de concluir...As sensações que a meu pesar concebo...Nem nunca, propriamente reparei...Se na verdade sinto o que sinto...Eu Serei tal qual pareço em mim? Serei Tal qual me julgo verdadeiramente? Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu...Nem sei bem se sou eu quem em mim sente."


(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Olhos de saruê: Conheça o trabalho de Elinor Ostrom

Olhos de saruê: Conheça o trabalho de Elinor Ostrom

Conheça o trabalho de Elinor Ostrom

Veja o que diz o fotografo e ativista carioca Luiz Frota



Com relacao a acao... Elinor Ostrom a primeira mulher a ganhar o Nobel de Economia, ai vai um pouco mais dos "porques"... um grande amigo meu foi aluno dela... segundo ele, ela realmente eh o maximo como pessoa, pesquisadora e intelectual! Mando essa entrevista do Globo News, programa Milenio... mas tem + na web... Seria importante que mais pessoas do nosso Brasil tomassem conhecimento do trabalho dela ... A entrevista foi feita la na Indiana University.


http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1257305-7823-MILENIO+ENTREVISTA+ELINOR+OSTROM+A+VENCEDORA+DO+NOBEL+DE+ECONOMIA,00.html



http://www.luizfrota.com/
http://www.sharingvisions.org/
ontact@luizfrota.com
luizfrotaphotography@gmail.com

sábado, 17 de julho de 2010

Ontem à noite vivi momentos muito especiais. Convidada pra sair com um pequeno grupo de amigos, sugeri o Bendito Suco, na 413 norte. Não tinha nem almoçado e nem jantado. Era  precisavo ingerir alguma coisa saudável, salvar o dia, salvar a vida... Além do suco de laranja - meu preferido -, aprecio um suco de graviola sem açúcar. Além disso o Bendito é um lugarzinho muito aconchegante - propaganda gratuita. Bem do ladinho tem os petisquinhos fritos do Magrão - malditas frituras deliciosas! O Bendito e o maldito habitam juntos, e se complementam, como o Yin e o Yang. O que não sabia é que bem do ladinho agora tem o Adoro um brechó!! Que legal. Comprei uma bolsa bonita de couro, zero bala, por 35 reais e outra menor muito bonitinha por 25. Conheci a Cris, dona do brechó. Fechadas as negociações, ficamos conversando e comendo as frituras do Magrão  e bebendo cerveja- sem nem ter chegado ao Bendito. Recitei Alma Nua, por sugestão da minha amiga Ana Lúcia, e continuarmos. A conversa foi ficando boa e a Cris resolveu mostrar as belezas do local. Pra começão fica do ladinho do Parque Olhos d'água. 
O Bendito é muito legal. Cada mesa é uma obra de arte! Um pouco acima um restaurante muito legal para quem é alérgico a gluten. Tudo decorado com lindas peças de arte, do chão ao teto; também as mesas são obras de arte. Dá gosto ver. O maior desfrute da noite foi quando a Cris nos levou ao ateliê do artista responsável por tanta beleza. Ali mesmo, no mesmo prédio do Bendito. Fomos ao ateliê do Nemm Soares. Tudo muito especial!!! Não vou ficar falando da arte do Nemm. Vou fazer muito melhor. Vou mostrar  fotos das obras dele que tirei!!! Da noite de ontem, fica a graça da poesia, a bênçâo de uma nova amizade, a alegria de estar com velhos amigos e a certeza de que a vida nos reserva muitas surpresas lindas. Ah! o Nemm também é um poeta e tanto. Deguste o poema que ele escreveu no alto da porta de entrada para o céu ateliê:

Imagem parcial de obra de Nemm Soares

Imagem parcial de pintura de Nemm Soares

Imagem: ateliê de Nemm Soares

" A arte é pura aventura "encontrar é que importa" o grande lance é encontra a liberdade absoluta.
                                                                                                                               Nemm Soares


Êxtase

O toque do sol na minha janela

me convida a sair e ver o dia
e vôo na sua luz.

Abro a porta e encontro
o verde mais bonito
e a paz descansa
no sorriso das flores...

Aí fecho os olhos e vejo o olhar mais macio
e ouço as palavras mais perfumadas
no líquido toque do dedo do tempo.

O vento penetra os meus ouvidos
no encanto aveludado da voz do sabiá...
Sabia que a vida era amar!!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Hoje me sinto menos só

Ora vejam! Há algum tempo apanho das novas tecnologias e me aventuro pela web afora, mas ainda não tinha me ocorrido procurar outras pessoas que tivessem o meu nome. Meu pai o encontrou lá em Josué 15:51. Decerto achou uma boa ideia e me chamou de Anabe.

Nunca foi muito fácil chamar-se Ana o quê? Anabe, repetia timidamente. Talvez isso tenha agravado meu sentimento inato de ser uma criaturinha meio dio - diotro planeta. Chamar-se Anabe, ser branquela e despenteada pelo pega-pega e esconde-esconde, ter uma aparência meio boboca e ser um tanto tímida - no intervalo das brincadeiras - talvez tenham sido as principais razões para as duas filhas das duas família mais tradicionais da cidadezinha onde morava na 1ª série, Icém, a levantarem as minhas saias quando passava por elas, só pra me desconcertarem mais ainda.

Diziam-me alguns adultos bonzinhos que eu tinha nome e parecia uma artista. Sorria faceira com meus óculos quadradinhos de armação preta doados pelo INPS, num lindo dia de viagem a São José do Rio Preto, cidade natal que até então não conhecia. Bem que me esforçava pra acreditar. Ficava me olhando meio de lado e sorrindo como faziam as atrizes na TV. Nome de atriz mesmo era Eva Vilma, Marília Pera, Regina Duarte. A Pera da Marília me atraia um pouco. Alguém ter Pera no nome era quase tão esquisito como chamar-se Anabe.

Cresci assim em meio a Cacilda, Luciana, Mariana, Maria, Janete... e eu Ana o quê?
Anabe.  Hoje me sinto menos só. Graças a um nova amiga baiana desejar me convidar para o orkut dela. Sentadas lado a lado, sugiri que procurasse pelo meu nome. A mágia aconteceu. Vi que não sou a única.  Sem desejos de exclusividade, me senti muito feliz. Já sabia que havia outras ou outros cadastrados no sistema CPF, mas ver assim aquelas carinhas foi o que me fez sentir que não estava sozinha. Aos 44 anos,  bastante habituada e às raias da felicidade com o nome que levo, encontro outras  pessoas que se chamam Ana o quê? Anabe.

Viva a internet!!!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Do desejo e da necessidade de expressão

Desde os primeiros dias de vida nos esforçamos para nos expressar. Choramos, balciamos, falamos, cantamos, dançamos pintamos... É por meio desses atos expressivos que nosso espírito se materializa. Assim aliviamos a dor e cultivamos as alegrias de existir. Essa propensão é o que nos faz humanos! Apesar disso, durante a vida, muitas forças externas cuidam de inibir nossos talentos expressivos. Na minha opinião, esta é uma das grandes causas das angústias do nosso ser. Admiro quem se expressa sem medo das palavras, como o Henry Miller. Não deveria ser assim, mas há palavras que metem muito medo, pelo que revelam e pelo que escondem. Palavras são pássaros:loucas pra voar. Quando presas, tornam-se em ânsia incontrolável e intraduzível, e muitas vezes brotam loucas, quando nos bate um vento na boca, como no poema da Cecília Meirelles. Acredito que, como eu, a maioria das pessoas chega mesmo a pensar que "lutar com palavras" é mesmo "uma luta vã", como declarou Drumond; "entanto lutamos mal rompe a manhã" por causa do nosso desejo inato de expressão. Este espaço é para a livre expressão!!! Tão livre quanto consigamos ser...

terça-feira, 6 de julho de 2010

UM A UM

Arnaldo Antunes

Eu não quero ganhar
Eu quero chegar junto
Sem perder
Que eu quero um a um com você
No fundo não vê
Eu só quero dar prazer
Me ensina a fazer
Canção com você
Em dois
Corpo a corpo
Me perder
Ganhar você
Muito além do tempo regulamentar
Esse jogo não vai acabar
É bom de se jogar
Nós dois
Um a um
(...)
Esse jogo não vai acabar
É bom de se jogar
Nós dois
Um a um
(...)
Me ensina a fazer
Canção com você
Em dois, em duo
Em duo, em dois.

domingo, 4 de julho de 2010

AMOR PRA RECOMEÇAR (Frejat)

Eu te desejo
Não parar tão cedo
Pois toda idade tem
Prazer e medo...

E com os que erram
Feio e bastante
Que você consiga
Ser tolerante...

Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...

Eu te desejo muitos amigos
Mas que em um
Você possa confiar
E que tenha até
Inimigos
Prá você não deixar
De duvidar...

Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...

Eu desejo!
Que você ganhe dinheiro
Pois é preciso
Viver também
E que você diga a ele
Pelo menos uma vez
Quem é mesmo
O dono de quem...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar...

Eu desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar
Prá recomeçar...