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Poemas de e.e. cummings



e. e. cummings Cummings é conhecido do grande público pelo estilo não usual utilizado na maior parte de seus poemas, que incluem o uso não ortodoxo tanto das letras maiúsculas e minúsculas quanto da pontuação, com as quais, inesperadamente, de forma aparentemente errônea, para o leitor desavisado a ponto de não compreender a essência da própria linguagem verbal tal como captada pelo poeta, é capaz de interromper uma frase, ou mesmo palavras individualmente; explora fonemas individuais para chegar ao "microritmo". Desta forma, alguém poderia criticar o poeta como um "poeta para poetas", ou seja, um poeta que exige a leitura de um especialista. Após alguns esforços, porém, seus poemas mais inusuais são de leitura bastante simples e fluente. Muitos de seus poemas possuem, também, uma distribuição tipográfica não-linear. Através desta distribuição não-usual, aliada aos recursos anteriormente citados, é possível perceber de que forma a linguagem verbal se forma a partir do nosso inconsciente, resultando, porém, em um texto altamente objetivo, ao mesmo tempo que expressivo.
O primeiro livro de cummings é publicado em 1923, quando o Surrealismo começa a delinear-se como a vanguarda predominante. Preocupados basicamente em desenvolver uma revolução do conteúdo, os surrealistas se afastam da revolução estrutural das primeiras décadas do século XX. Cummings, no entanto, segue em outra direção, aprofundando o legado destas últimas de forma mais "construtivista", tal como o fizeram o cubismo e Kurt Schwitters.
Ainda assim, nos anos seguintes cummings teve muita dificuldade em atingir publicação de seus poemas, sofrendo os seus poemas mais inovadores muita rejeição nos EUA, mesmo de críticos que o admiravam em parte, como T.S. Eliot. A partir da década de 1950 começa, de forma gradual, a reabilitação do poeta, tendo, possivelmente, sido influenciada pela movimento da poesia concreta, que obteve grande repercussão mundial e o citava como um dos seus precursores.

Fonte: Wikipedia - e. e. cummings






acima do silêncio o verde
silêncio e uma terra branca dentro

voce já(me beije)vai

afora a manhã jovem
manhã e um mundo morno dentro

(me beije)você já vai

por sobre a luz do sol a fina
luz do sol e um dia firme dentro

você ja vai(me beije

no fundo da'sua memória e
uma memória e memória

eu) me beije e já vou

e.e. cummings
Tradução: Mário Domingues

 fonte: O tigre de veludo (alguns poemas)/ seleção e tradução de Adalberto Miller, Mário Domingues e Maurício Cardozo - Brasília : Editora UnB, 2007.





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possa meu peito sempre abrir-se aos pássaros
pequenos segredo da vida a cada passo
cantem lá o que for é melhor que saber
e quem não os ouve já se pôs a envelhecer

possa minha mente vagar com fome
e sem medo e sedenta conforme
e mesmo depois que eu possa esmorecer
pois quem tudo acerta jovem já deixou de ser

e possa eu mesmo fazer nada utilmente
e amar-te a ti tão mais que veramente
pois tal tolo nunca houve que incapaz disto:
por todo o céu nas costas com um só riso

e. e. cummings
Tradução: Maurício Cardozo

fonte: O tigre de veludo (alguns poemas)/ seleção e tradução de Adalberto Miller, Mário Domingues e Maurício Cardozo - Brasília : Editora UnB, 2007.