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quarta-feira, 8 de março de 2017

Eu passarinho

Anabe Lopes

Foi quando vi certo olhar de rapina
a procurar pelo novo, que
uma palavra secretamente me confidenciou:
Viva!


Quase nada entendi - me lembrei - de ler mais tarde:
havia mistérios nas palavras - ler tem dessas memórias -
E elas vinha pelo vento,
em certos momento,
em momento incertos...


E para entender de secretudes das palavras
e de ventos e de brisas...
e da solidez que se desmancha no ar,
seria necessário ser iniciado
e, em se tratando de vento e vida e liquidez,
mesmo sentido e vendo e deixando-se correr-
se nasce, se vive e se morre iniciante...


Seguiu meu ser calado ao seu lado
e já não lhe sendo novo, fui passando - intuí:
sendo pássaro, melhor cantar poesia...
sei de poesia que somos o nosso próprio rio...
Contou-me isso o sabiá que avistei um dia
olhando da janela da minha solidão


e, enquanto seu canto corria
e percorria cantos e amplidão,
via flores ao longo do caminho
e outros pássaros que por ali simplesmente
passarinham, pronunciando canção
a bicar migalhas de palavras...


E todos eles passarinham e passarinharão...

bem-te-vi...



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