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Ao contrário do resto dos centauros, que eram
notórios bebedores, indisciplinados, delinqüentes, sem cultura e propensos à
violência quando bêbados, Quíron era
inteligente, civilizado e bondoso, culto e tinha habilidade com a medicina. Toda essa coleção de virtudes explica-se por
um antigo mito, segundo o qual, Quiron, filho de Cronos com a ninfa Filira – os
demais centauros seriam fruto da união entre o rei Ixion, este permanentemente atado
a um disco de fogo no Tártaro, e Nefele ("nuvem"), que Zeus – o
poderoso chefão – teria criado à forma e semelhança de Hera, sua poderosa
esposa.
Abandonado, Quíron foi encontrado e criado, como
filho adotivo, por Apolo – o deus da beleza,
da perfeição, da harmonia do equilíbrio e da razão, ou seja o Cara! Por isso Quiron manjava de artes, música, poesia,
ética, filosofia, artes divinatória, ética, filosofia e profecias, além de
terapias curativas e ciência – enfim Quiron era o que se pode chamar de fodão.
Casou-se com uma ninfa. Teve seis filhas e um filho, Caristo, grande curandeiro, astrólogo e um
respeitado oráculo – das filhas nada se conta – o mundo – mesmo o mitólógico –
foi e é sempre propenso a ser injusto com as mulheres.
Quíron era também altamente reverenciado como
professor e tutor. Entre seus pupilos estiveream diversos heróis, como Ajax, Enéas,
Teseu, Aquiles, Jasão, Héracles, Oileu, Fênix – só pra citar os mais conhecidos – e, em
algumas versões até o próprio Dionísio, o Baco da mitologia romana (o das
festas e do vinho).
A nobreza de Quiron se reflete também na história
da sua morte história: Quíron teria sacrificado sua vida, permitindo assim que
a humanidade obtivesse o uso do fogo. Num intrincado jogo de fatos mitológios,
que só lendo pra entender – ou não – Quiron trocou sua imortalidade pela
liberdade de Prometeu, aquele pobre coitado que ousou roubar o fogo dos deuses
e foi condenado a estar atado a uma pedra e ter o fígado devorado todas as
noites por um pássaro, apenas podendo ser liberto se um imortal abrisse mão de
sua imortalidade e fosse para o Hades – e olha só o quilate do nosso herói!
Quiron era
imortal, e fora ferido por uma flexa envenenada que o fazia sentir muita dor.
Aí matou três coelhos com uma paulada só: indo para o Hades, aliviou sua
própria dor, e libertou Prometeu e proporcionou aos pobres e reles mortais o
uso do fogo! Daí existir a constelação de Sagitário (do latim sagitta,
"flecha") em homenagem a ele.
E daí?... daí essa galera meio gente meio cavalo
querer ser o melhor da espécie e manifestar, vez por outra, certi ímpeto de
martír... daí todo sagitariano ser metido a quiron, mas no fundo bebedores,
indisciplinados, delinqüentes, sem cultura... uns loucos (graças a Deus!). Voltando
a pretensão quironiana, de ser o diferente e, disfarçadamente, superior... e
lembrando de que o assunto da vez era relacinamentos... ih mas ainda não tinha
dito isto... na verdade cortei lá do inicinho... papo de relacionamento é
chato, tanto quento invevitável... E como não sei lidar com eles!!!
Meu ser, sagitariano autêntico,
integra a manada dos comuns com pretensões quironianas, talvez por tolice, sinto
sempre que sou diferente.. e vou vivendo e vendo que todo mundo se julga um
pouco assim, mesmo os que se dizem iguais...
Temos todos uma noçãozinha da eferemeridade da
vida – e, eu, por decuidar tanto de mim, por tanto tempo, sinto a proximidade
da morte – sofro de intensidades e vivo de sentimentos urgentes, a serem compartilhados,
daí a necessidade de escrevinhar. Descreio da autosuficiencia. Afirmo que
podemos ser independente em muitos aspectos, mas necessitamos imensamente de
uma ajudinha pra sermos felizes e buscamos isso a todo momento. Momentos de solitude
são legais, para pensar, sentir e escrever, mas necessitamos de companhia,
necessitamos de amigos, necessito de amores – um de cada vez–, necessitamos de viver
um grande amor! – E é assim mesmo, todos oscilamos entre o eu e o nós...
Quando amo o mundo se resume ao ser
que amo. Tudo de velho parece ter cara nova e é iluminado por uma luz azul
divinamente brilhante. Não tenho, contudo, o desejo de aprisionar ou ser
aprisionada. Desejo “apenas” voar junto, como duas borboletas sobre um imenso
campo de flores, sabendo que cada uma verá as formas e as cores à sua maneira
e, nesse voo conjunto, vão compartilhando visões e se maravilhando com a
paisagem e que, naturalmente, por um momento ou outro, ambos empreenderão voos
exploratórios em entros campos; mas, resistindo o encantamento que os une,
voltarão a procurar-se, e nada será melhor que compartilhar paisagens guardadas
no olhar – e isto não pode incluir traição!! Traição existe!!
Visão bem romântica dos relacionamentos,
mas tenho observado que é isso mesmo que a maioria de nós buscamos em nossos relacionamentos,
é basicamente isso de que precisamos, com pequenas variações. Queremos a nossa
alma gêmea, que nem sempre é idêntica, mas sempre complementar.
Também sou um ser medroso e
ciumento, mas quironianamente seguro e civilizado – quase sempre. Passado os instingantes e felizes momentos
inicias, os quais na verdade eu desejo
ardentemente que jamais passem, e pra mim nunca passam... até que seja obrigada
a me desfazer deles... –, sigo minha velha tendência de esperar sempre o pior,
por puro medo de me decepcionar... Pensando assim, minha ansiedade é
incontrolável e, se precipito o pior, afirmo que aconteceria de todo jeito, mas
será mesmo que aconteceria?! Pára com isso...
Também sou ocupona... apesar de
lutar para não invadir além da conta a vida e o tempo do ser amado... tenho
muita pressa de descobrir coisas novas e redescobrir coisas velhas de novas
maneiras... compartilhar, conhecer, criar, voar... correr de mãos dadas, andar
na chuva... ler um livro com, ver um filme com, ir a um show com, dançar com,
amar com, beijar com, abraçar o mundo com, compor versos e canções com... rir
com... chorar com, se preciso for... construir e desconstruir com... – virtual e
ou presencialmente... Sei que este entendimento quase não existe mais, então me
pego a esperar por outra vida, e nem
creio em nova chance, não semelhante a que vivo agora... mas quem sabe... nesta
tentaria ser apenas um poeta-pateta-ciclista...
Toda
a minha vida fui meio contemplativa, e mesmo nos meus momentos mais presentes,
uma parte de mim voa por mundos e caminhos que eu queria desvendar, mas não
posso... eu cuidei de mil pessoas, fiz mil coisa ao mesmo tempo – quase nada
fiz direito –, descuidei de coisas importantes... descuidei principalmente de
mim mesma, dos meus sentimentos... dos meus sonhos ainda luto pra lembrar...e
agora, e sempre que estou feliz, tenho tanto medo de estar doente e de não ter
mais tempo de me lembrar dos meus sonhos, e de amar o meu amor, e de esperar o
que a vida tem pra mim, enquanto vivo intensamente o que a vida ora me dá.
Também tenho medo de médicos, prefiro
um abraço demorado e curativo demorado, mas pode ser tão tarde... Posso eu
mesma e o meu descuido ser responsável pela gradativa administração do meu
próprio castigo, por ousar, depois de tanto tempo de quase inércia, ter coragem
de me procurar, com a sensação de estar irremediavelmente perdida... ah como eu
torço para viver muito...
Eu
não sei distinguir sonho de realidade. Vivo de amor tão imenso, tão intenso quanto
leve... e sempre espero que o amor me leve. Quando estou acordada parece que a vida
é um sonho, e, às vezes, quando adormeço, velhas realidades me visitam. É
quando tenho certo medo ou vaga impressão de que o que vivo pode não ser de
verdade... e o que é a verdade?? Talvez nem eu seja de verdade e a própria vida
seja, em si, só um sonho... ou não sejamos mais que “um brinquedo de Deus...”
Vejo
as coisas complicadas de jeito muito simples e as coisas simples essencialmente
incompreensíveis. Sou um ser contraditório... “humano demasiado humano”, como
definiu Nietzsche.
**
Tava escrevendo isso, uma espécie de autoanálise,
quando minha psicóloga me abandonou, voltando depois de um ano... e aí eu
troquei a psicóloga por uma faxineira... agora sem psicóloga nem faxineira... a
dois passos da loucura, distante do paraíso...
mas pra que ser normal??? O que eu quero é ser feliz!!!
2 comentários:
Parabéns pelo texto.
Como bom sagitariano, adorei.
Saudações!
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