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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

É tempo de construir um só Brasil

Há duas semanas levantei-me no sábado pela manhã e fui ató o caixa rápido do Banco do Brasil localizado em Taguatinga, cidade satélite do Distrito Federal. Como ando sempre com minha pequena câmera na bolso, pude, não sem dor, fotografar estes dois brasis: o Brasil da propaganda e o Brasil real, dispostos um defronte pro outro.

Dois brasis. by Anabe Lopes. Agosto/2010


Eis o Brasil que dorme no chão; o Brasil que come das migalhas do capitalismo; o Brasil sem emprego; o Brasil sem escola; o Brasil sem lazer; o Brasil que està para ser visto, mas que a maioria de nós finge que não vê, escondendo sob o escudo do "isso não é comigo" e é o  Governo quem deve cuidar das crianças e dos jovens. Mas os governos são eleitos por nós. E todos precisamos agir para emprestar a essas pessoas a nossa voz. É preciso denunciar as desigualdades, porque vivemos no mesmo espaço e somos interdependentes. A solidariedade é condição de sustentabilidade da estrutura social e do planeta.

Todos somos um e a todos cabe a responsabilidade de conscientizar as novas gerações sobre esta inegável interdependência entre todos os seres humanos e todas as formas de vida no planeta. Enquanto nos calamos, as elites se fortalecem na ilusão de que tendo muito serão melhores e intocáveis. E para assegurarem sua hegemonia usam as pessoas menos favorecidas economicamente como trampolim para saltarem cada vez mais alto. Elas o chamam "os pobres", a quem querem sermpre pobres e úteis aos próprios projetos de grandeza e dominação. Com a máscara da paternalismo finge que dão aos "pobres" o que é deles retiram.

Há algum tempo, ouvi o Arruda discursar construindo a imagem da "bondade" do governo Arruda de, contruindo unidades esportivas, permitir ao "pobre" o acesso ao esporte. Este uso ideológico da palavra "pobre", identificado no discurso desse tipo de político, que ainda domina o cenário de Brasília e do Brasil, tende a perpetuar o sentimento de menos valia diante da sociedade e a escravizar as consciências pela geração e manutenção de um sentimento de gratidão, quando na verdade, o acesso ao esporte, ao lazer é direito assegurado pela Constituição e esses mesmos políticos são os que os espoliam ao desviarem recursos públicos da educação, da saúde, da infra-estrutura.

"As desigualdades e as injustiças precisam ser denunciadas, porque sozinho o mundo não  vai melhorar". Estas palavras de Henrique Rattner, em O resgate da Utopia (p.14) deve estar em nossas mentes, para fortalecer em todos nós o desejo de agir para eliminar desigualdades. O Brasil de mãos limpas, do qual somos parte, conta conosco!

Mão limpas. by Anabe Lopes. Agosto/2010

Um comentário:

Vanessa Santos disse...

Excelente, um dos melhores textos que já li nos últimos tempos.