De repente as palavras assumem um sentido devastador, muito além da realidade visível, palpável e vivível Castelos inteiros se constroem de palavras e, quando tudo implode, as palavras são gritos desesperados e desesperadores e tornam o que conhecemos como realidade um estado de torpor e os ambientes adquirem um detestável cheiro de decadência. As coisas vão ficando fora de lugar.... A ditadura das palavras organizadas em construções paradisíacas, afrodisíacas... dionisíacas... As palavras ouvidas, escritas e sentidas vão perfurando toda a nossa pele e envolvendo todo o nosso corpo físico e espiritual. Algumas pessoas são mais vulneráveis às palavras... Todas soms em alguma medida são - sem medida - vulnerabilidade não se mede, por mais que se tente, a palavra vulnerabilidade não se limita, não tem contornos definidos. Escrevemos ou falamos e fabricamos realidades, pensando identificá-las... Já que tudo é realidade e a realidade não passa de uma impressão... como na tal da Matrix... e já não se pode saber com clareza em que dimensão se vive ou sonha... Perturbador isso, ridículo,,, talvez, Confuso, como negar? Certamente complexo,,, É o tal poder das palavras!!! E, se pararmos pra pensar, nenhuma palavra tem contornos definidos e todos os seres dotados de palavras extrapolam de si de alguma forma ou se consomem em si mesmos e tentam consumir o outro num desejos de calar e fazer calar palavras em plena expansão... A expansão das palavras chama-se sentido!! E os sentidos são construções individuais, em diálogo com o coletivo, mas individuais... por isso manipular e manufaturar castelos de palavras pode tornar-se uma coisa envolvente e enlouquecedora, um jogo meio insano - e aí vem a pergunta: o que é sanidade?? Não crer em nada; crer em tudo. Sanidade é apenas viver e ir aprendendo com a vida, para desaprender logo em seguida. E como não se vive só, mas têm-se o eu solitário sempre mediando as relações, vêm o medo, junto com o medo o desejo de poder sobre o outro... e ninguém tem poder sobre ninguém, a começar sobre si mesmo e suas palavras e os sentidos que se fazem e desfazem... Só o amor sentido, jamais pensado, sequer pronunciado nem escrito ou descrito pode assegurar a dádiva de partilhar palavras sentidas, vividas. As palavras inventadas e apregoadas são borboletas tontas que se chocam contra os faróis na estrada da vida, onde carros como trabalho, projetos, shows, protestos... manifestos futuristas... passam apressados, soltando sentidos pela culatra.... Então pensemos por exemplo na palavra amor - o que ela evoca? Suavidade, tempestade, complacência, perdão, fantasia, engano... por amor se vive e se morre, por amor escolhe-se apenas passar pela vida - sem amar! Paradoxal, não é!? Tudo é e não é, ao mesmo tempo... Precisamos escolher o sentido das palavras que nos habitam e nos invadem e com as quais pretendemos dominar o mundo - o nosso mundo, sem nunca alcançar êxito, mas sabendo que o êxito reside na tentativa que nos aproxima de nós, ao nos aproxima do outro... E ha aquelas palavras que são como carícias que precisam sair da gente e alcançar o outro... porque se continuar dentro de nós, as palavras são capazes de nos corroer, e corroem...
Mas não tenho senão palavras, com que construo mundos, poemas e histórias, e agora elas podem ter o poder destruidor de uma bomba atômica...
Cuidado com as palavras, aprendi que talvez seja melhor sentir mais e falar bem menos, mas o diacho que acabamos precisando de palavras pra sentir....
Desculpe a confusão, mas o meu sentir é um caos... e duvido que o seu também não seja!!!
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